Para responder essa pergunta tenho que abordar vários aspectos.
1) Visto: O primeiro é a questão do visto porque como todos sabem é possível ficar 3 anos na Irlanda como estudantes de Inglês. Ao vencer o primeiro visto você compra um segundo curso e depois o terceiro, simples assim Ao final desse terceiro ano você pode seguir na Ilha Verde se for fazer curso superior ou MBA, mestrado etc, é processo mostrar progressão a imigração. Tudo depende do projeto de cada pessoa porque fazer uma faculdade no exterior é excelente e quem toma esse caminho terá suas recompensas entretanto o valor e a dificuldade com horários não encaixaria naquilo que eu buscava. Eu pesquisei sobre um MBA ou pós que são os passos que eu teria interesse mas além do valor ser alto para quem busca qualidade de ensino os horários seriam incompatíveis com as minhas atividades. Para deixar tudo que eu construí em termos de trabalho para procurar outro e começar tudo de novo seria complicado e difícil. O visto de trabalho também seria uma ótima opção, fato que eu até pesquisei e planejei porque recebi a proposta de uma das empresas que eu trabalhava. Novamente o projeto em sí não seria suficiente dentro do que eu procurava. Eu teria que deixar a escola onde trabalha para me dedicar apenas a empresa de eventos e nesse caso a Stéfane poderia ter o visto de acompanhante mas não poderia trabalhar, pelo menos legalmente. De uma forma geral tínhamos condições de seguir na Irlanda mas a longo prazo o projeto não era legal. Continuaríamos da mesma forma, ganhando o mesmo ou um pouco mais e não estaríamos crescendo na vida como profissionais.
2) Estudar: De fato, o que nos motivou a voltar foi a necessidade de seguir estudando e buscando novas oportunidades na vida. Chegamos onde dava para chegar com o passaporte Brasileiro. Acredito que existiam possibilidade de fazer dar certo para um momento apenas, não para um projeto a longo prazo.
3) Zona de Conforto: De uma certa forma caímos na zona de conforto porque tínhamos trabalho, morávamos numa casinha legal, estávamos comprando as nossas coisas e viajando pela Europa. Tudo estava tranquilo e quando isso acontece é hora de mudar. Gosto de ter desafios e como tinha as limitações de visto por não ter passaporte europeu acabei estacionando. Ainda dentro desse contexto a rotina do dia a dia é muito puxada, as vezes fisicamente e quase sempre mentalmente. Não tinha final de semana, feriado e quase sempre nenhuma noite livre então isso também pesou. O curioso é que eu sei que no Brasil será necessário trabalhar muito mais do que na Irlanda para poder viver (rsrsr)
4) Família e amigos: Viver num ambiente de intercâmbio tem algumas complicações porque todo mundo tem um ciclo e hoje você tem um grande amigo e amanhã ele esta partindo para o Brasil. As amizades acontecem e tive muitas pessoas ao meu lado do início ao fim mas não é a mesma coisa, todo mundo esta sempre trabalhando e a vida vai passando. Por mais que você seja resolvido e consiga viver longe da família vai chegando um ponto que você sente a necessidade de voltar para fazer parte de alguma coisa, ficar mais próximo etc.
Existem outros pontos a serem considerados mas isso depende de cada um. Ficamos 3 anos e 2 meses na Irlanda sem vir no Brasil nenhuma vez mas também tive contato com pessoas que estão a 4, 5 anos sem contato direto com o Brasil e outros ainda não pensam em vir aqui pra nada. O desejo de morar em Dublin pra sempre existe claro mas também existem outros aspectos a serem considerados e não posso ser irresponsável de pensar que a vida vai acontecendo por acaso. É preciso planejar, pensar e programar. Cada pessoa reage de uma forma ao intercâmbio e cada um tem seu projetos e tempos diferentes. O nosso ciclo realmente chegou ao fim em Dublin e temos que seguir em frente. Essa decisão não foi tomada da noite pro dia pois ficamos praticamente 10 meses conversando, estudando as possibilidade na Irlanda e no Brasil. Não nos deixamos levar pela emoção nem pela razão. Foi um processo de muitas conversas, muito planejamento e principalmente escolhas. Aqui estamos, começando uma vida de novo (nem acredito porque já é a segunda vez que mudamos para um lugar desconhecido) mas temos a certeza de termos feito as escolhas certas, pelo menos nesse momento.
Voltamos com a idéia central de crescer, estudar e investir nas nossas vidas para fazer a pena. Vamos atacar com tudo que temos em busca de oportunidades e novos objetivos que estão sendo traçados… temos ainda muitas páginas na nossa vida a serem escritas e Dublin ficou pra trás porque esse capitulo chegou ao fim.
Curtem, compartilhem e fiquem a vontade para fazerem perguntas. Os próximos textos vão ser sobre malas, mudança, as nossas primeiras impressões e muito mais sobre o retorno ao Brasil depois de 3 anos na Irlanda.
“Dia 6 de maio desembarcamos as 07:00h da manha em Guarulhos e o nosso voo para Uberlândia seria apenas as 13:30h. Passamos por todo o processo da alfândega e sentamos para em uma lanchonete ali mesmo. Café 7 reais, pão de queijo 6, suco 8, água 4 e um monte de gente falando em português, falando da vida dos outros, umas roupas estranhas.. PRONTO: Pânico geral e depois de meia hora surgiu a conversa … Amor acho que não vou conseguir me adaptar … (continua).
Nossa última viagem de LUAS (Drimnagh to Jervis)
Saldão pra vender todas as coisas de casa. Quem dá mais ?? quem ?