8 fatos interessantes de um intercâmbio

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No post anterior destaquei a importância de se fazer um intercâmbio. Essa importância vai muito além do aprendizado de uma nova língua e parte para vários campos da vida. Um dia eu vi alguém postar no facebook que aprender inglês se tornou a coisa menos importante em Dublin, os aprendizados e mudanças que acontecem são muito mais impactantes que qualquer coisa. Claro, esse aprendizado não vem de graça e durante a jornada muitos desafios vão aparecer. Vou enumerar alguns aspectos interessantes e desafiadores dessa aventura.

1) Da noite pro dia você precisa começar a se adaptar a cultura do país. A maioria dos hábitos que você tem no Brasil vão ter que ficar pra trás porque a cidade não muda por sua casa, é você que tem que se adaptar a nova realidade.

2) Você precisa abrir a sua mente, caso contrario ficará apenas fechado no quarto. Existe um novo mundo lá fora e se você não encarar a realidade certamente será deixado de lado. Os preconceitos vão te colocar a margem da comunidade.

3) Não existe trabalho bom, existe o que trabalho que você conseguiu. Num intercâmbio não importa o que você já fez antes ou seu conhecimento técnico porque o vale é a força de vontade e coragem com que as coisas são encaradas. Qualquer trabalho de lavador de pratos é visto como CEO por qualquer engenheiro, professor, químico, dentista, publicitário etc. Fiquei louco com a oportunidade de trabalhar vendendo cachorro quente no estádios  mas nos primeiros minutos me veio aquela sensação “o que estou fazendo aqui”. Acredito que isso acontece com todo mundo mas logo passa porque não  temos muitas escolhas e depois de um tempo aquela “carreira”é a melhor coisa do mundo. Claro, depois de um tempo a área de formação pode fazer a diferença para se conseguir um trabalho na área, como foi no meu caso.

4) Eu não gosto do clima, da chuva, frio, calor etc. A maioria das pessoas com quem tinha contato não tinham carro (na verdade pouquíssimas tinham) então o jeito era encarar a chuva e o frio diário. Não trabalhei no Metro entregando jornal mas todo mundo me dizia que era terrível as vezes por causa da chuva e pior ainda no inverno. Da mesma forma ninguém ligava pra isso e seguida fazendo seu trabalho honesto que pagava as contas do mês. As frescuras tem que ser coladas de lado pro projeto funcionar.

5) Amigos são poucos e você precisa tomar decisões por conta própria. Os amigos de um intercâmbio são temporários porque o relacionamento é muito intenso mas daqui a pouco o curso acaba e todo mundo segue o seu caminho. Alguns ficam para a posteridade como grandes amigos mesmo com a distância do retorno ao Brasil. Os sentimentos são muito intensos e você vai precisar se organizar porque além da distância da família e amigos você não tem com quem contar, pelo menos no inicio.

6) A limitação da língua é f…. No inicio quando você não entende quase nada tudo é muito difícil. Não é possível estabelecer diálogos como queríamos e o mais complicado é que você até pode saber o que fazer, na sua cabeça mas pra sair pela boca é outra historia. É necessário decorar frases no google pra responder na entrevista ou até mesmo negociar um aluguel traduzindo no google na hora, como eu fiz kkkk É um sufoco no trabalho quando te pedem alguma coisa e você fala OK, OK … você entendeu? OK, OK. Você é burro? OK, OK. Você esta com fome, quer comer algo? OK, OK… Você tem que virar o magico das mímicas pra sobreviver. Existe até uma frase que diz: “No Inglês eu to ficando bom mas na mímica eu já virei professor”.

7) O seu dinheiro é limitado e os prazeres por comprar são muitos. Além a sensação de tudo ser mais barato existe a maldita RYANAIR que pode te levar pra outro pais por menos de 30 euros. Eu vi muita gente pirar em Dublin por causa da grana mas mesmo quem tem juízo passa sufoco. Existe um ditado que diz: Arrumei emprego quando estava com poucos centavos no banco. Isso realmente acontece mas as vezes não. Acredito que pra mim essa foi uma das maravilhas que aprendi no intercâmbio, a administração financeira comprando sempre á vista pensando, 1, 2 ou 1000 vezes antes de gastar qualquer trocado.

8) Qualquer moeda achada na rua é motivo de festa. Como é bom andar pelas ruas olhando pro chão porque em um único dia você pode achar dinheiro suficiente para comprar uma chicken baguette, lanche primordial na alimentação de qualquer intercâmbista na Irlanda. Não se esqueça de pegar também os tênis, televisores, colchões e outras milhares de tralhas que o povo joga no lixo. Aquilo não serve pra eles mas pra gente é luxo. Eu não conseguiria enumerar as coisas que eu achei na rua. Destaque para um par de botinhas que eu usei pra trabalhar por mais de 5 meses, um armário que virou guarda roupas e ainda um televisão que vendi por 10 euros no classificados.

Meu primeiro trabalho em Dublin. Limpar um salão de eventos gigante.

Meu primeiro trabalho em Dublin. Limpar um salão de eventos gigante aspirando os mínimos ciscos (3 dias).

Me segundo trabalho, Kitchen Porter. Todo dia quando chegava essa era a primeira cena.

Me segundo trabalho, Kitchen Porter (4 meses). Todo dia quando chegava essa era a primeira cena. Animador, não?

Esses são apenas 8 dos milhares e milhares de desafios que vão aparecer na sua frente desde o primeiro minuto no intercâmbio. Hoje depois de passar por todo esse processo e voltar ao Brasil vejo que tudo foi uma luta incrível. Cada tópico pareceu ser uma matéria onde precisei estudar e passar nas duras provas que a vida impõe. Ao ver toda essa loucura tenho a certeza de que tudo foi muito bom e principalmente proveitoso e com certeza levarei esse aprendizado para o resto da minha vida.

E a zona de conforto? … minha opinião depois de 2 anos e meio na Irlanda.

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Antes de vir pra Irlanda eu li muita coisa sobre a zona de conforto e claro sempre ficava apreensivo do que poderia acontecer com a escolha de fazer um intercâmbio. Essa “zona segura” nada mais é do que uma bolha que vamos criando ao longo dos anos até nos sentirmos tão seguros, tão seguros que não temos coragem de sair dela. Essa “falsa segurança” vem com um emprego, casa, carro, conquistas na carreira, amigos, família e assim vai. Tudo que esta ao nosso lado contribui para irmos criando camadas na nossa bolha. Esse processo e involuntário e vai acontecendo com cada pessoa até mesmo sem percebermos a gravidade que isso trás. Se sentir seguro é muito bom porque você tem tranquilidade, entretanto essa tranquilidade pode trazer também uma falsa sensação de …. ok, está bem agora e não preciso mudar nada. Tenha uma certeza na sua vida: quando isso acontecer você estará com sérios problemas. O ser humano precisa sempre de desafios e principalmente mudanças então fique ligado e cuidado para não entrar nessa bolha com os olhos fechados porque depois será complicado pra sair. Será difícil mas não impossível ! Nada melhor que um intercâmbio para sair dessa bolha. Para tomar essa decisão você precisa apenas:

– Sair do trabalho atual seja ele um emprego qualquer ou uma posição com status conquistada com muito suor
– Deixar os amigos, familiares e em alguns casos o amor da sua vida (pelo menos por um tempo)
– Deixar seu carro
– Deixar a sua rotina diaria
– Não comer a sua comida preferida
– Abandonar por completo a sua noção de mundo

E ter coragem de:

– Ir para um pais desconhecido
– Não falar direito a língua local
– Sair do Brasil com a cabeça muito aberta e principalmente se preparar para tudo que vai acontecer
– Encarar qualquer emprego
– Aprender a conviver con o pensamento “o que eu estou fazendo aqui?”
– Vencer os desafios de morar sozinho e cuidar sua sua própria vida pessoal, financeira e sentimental
– Não tem ajuda de ninguém (ter que fazer as escolhas sozinho e cada escolha será essencial para o seu sucesso ou fracasso)

Esse são apenas alguns pontos porque tudo depende do seu ritmo de vida, daquilo que você faz e principalmente da vida que você levou até ter a ideia de fazer um arriscar em algo novo. A sua criação e relação com a sua família também vai ser determinante para a decisão. Independente se você mora sozinho, com a sua família, é casado (a), tem 15 ou 100 anos.. esse processo será normal pra todo mundo. Algumas pessoas tem uma facilidade maior enquanto outras tem muita dificuldade. Para tomar a decisão você precisa entender que tudo vai ser por um período apenas seja de 1 mês, 1 ou mais. Você vai voltar para os seus familiares e amigos com certeza. Para o emprego, talvez não porque você voltará com uma experiência melhor e principalmente com a cabeça diferente. Você precisa entender que tudo será por um tempo determinado e com certeza você terá chances melhores na vida quando voltar. Em alguns casos esse processo nem é opção mas sem necessário como foi o nosso caso.

Sair da zona de conforto é muito mais do que sair de casa com um monte de malas e sonhos na mochila. Sair da zona de conforto é dar uma nova roupagem pra vida porque você poderá experimenta uma vida diferente, conceitos novos e principalmente descobri que a sua bolha era muito pequena enquanto que o mundo e muito grande para não ser “vivido”. Eu fico impressionado como as coisas são diferentes do que eu pensava e olha que eu sempre tive a cabeça muito aberta para coisas novas entretanto pensar é uma coisa, viver é outra completamente diferente. Uma das coisas que eu mais gosto de fazer e conhecer novas culturas. Na minha querida Patos de Minas só tinha contato com o meu povo local e as vezes com pessoas de outras cidades em viagens etc. Tinha contato pela internet com muita gente mas viver as pessoas é outra coisa. Eu fico impressionado com a cultura de cada pessoa, até mesmo pessoas do Brasil porque aqui você tem contato com gaúcho, carioca, pernambucano, etc.. e cada pessoa trás uma roupagem diferente do que é viver. Além dos Brasileiros a melhor parte e ter contato com culturas de outros países. Eu já tinha essa noção das pessoas e depois das aulas  de sociologia, antropologia e historia da arte do meu querido Professor Moacir tive ainda mais essa ideia do que e ser uma pessoa dentro de uma torre de babel que e o nosso planeta. Com certeza esse período na faculdade foi um salto decisivo para solidificar o ideia de experimentar outras vidas. Mesmo andando na rua aqui em Dublin você vê como as pessoas vivem de formas diferentes uma das outras, comem diferente, pensam diferente, se vestem diferente e tem ideias completamente diferentes do que as suas. Em janeiro viajamos por 4 países e 9 cidades diferentes e em cada esquina tinha a sensação de estar sendo preenchido por essas diferenças incríveis. Nessas cidades além do contato com o povo e a cultura local, visitamos o passado em ruínas, monumentos e templos. Tudo e tão impactante que você nem tem vontade de ir embora e a “fome” só aumenta a cada lugar. Como uma pessoa apaixonada pelas historias da Roma antiga que sou, quase senti e ouvi os gladiadores no Coliseu e na arena de Verona. Foi como se eu estivesse ali vendo tudo aquilo ao vivo, foi incrível. Na Grécia então foi quase um nirvana e no Marrocos a sensação de que estava em outro planeta. Estava conversando com a Stefane essa semana sobre isso e as vezes nem parece que foi verdade tudo que vivemos aqui. A Mariane Cimi é uma aluna aqui da NED e nesse final de semana postou uma foto do rio Liffey com a legenda: As vezes nem acredito que eu vivo aqui  ! Essa é a sensação que eu também tenho de tudo porque um dia vou embora e ao acordar na minha cama terei a sensação de que tudo não passou de um sonho. O bom nisso tudo vai ser que foi tudo real e poderei reviver cada momento pela fotos e vídeos mais principalmente viajar nos pensamentos e lembranças dessa aventura. O contato com outras pessoas seja do Brasil ou de outras países é muito bom porque você tem uma nova noção de mundo, deixa preconceitos de lado e se vê diante de desafios novos. Analisando tudo que vive aqui em 2 anos e meio posso dizer com toda certeza que vale muito a pena “abandonar” a sua vida para embarcar rumo ao desconhecido. Todas essas experiências e sensações vão te moldando em uma nova pessoa porque o que você pensava antes não existe mais, seus valores crescem e principalmente a sua visão sobre o ser humano muda muito. E difícil escrever sobre esse tema porque cada pessoa tem um conceito sobre a vida mas uma coisa é certa: Ninguém volta pra casa do mesmo jeito, você pode voltar uma pessoa muito melhor e claro muito pior. Da mesma forma que sair da zona de conforto abre um novo horizonte positivo do outro lado negro você pode voltar ainda pior.

As vezes ainda nao acredito que moro aqui... Mariane Cimi

As vezes ainda não acredito que moro aqui… Mariane Cimi via Facebook (Foto Rio Liffey)

Muito bem, os pontos positivos dessa aventura que é sair de sua bolhinha são muito grandes. Quando voltar para o Brasil ou ir para qualquer lugar vou ter a certeza de ter feito a escolha certa e principalmente nunca mais terei mais a sensação de estar “confortável”. Sempre vou querer viajar para me alimentar das experiências e principalmente não terei medo das mudanças. A vida é feita para ser vivida e nunca podemos ficar “plantado” no mesmo lugar.  Talvez esse seja apenas o primeiro intercâmbio e a primeira fuga da minha bolha …. !

Conhecendo a Irlanda (você precisa saber)

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Sempre que vou conhecer um lugar novo, antes eu procuro informações sobre tudo. Historia, política, guerras etc… Fiz isso quando fomos para o Mochilão e o pequeno conhecimento que consegui antes de viajar me ajudou a entender a cidade, as pessoas, a tradição e a principalmente a cultura. Eu sou fascinado por historia e isso me ajuda muito nessa parte de conhecer os lugares porque eu não gosto de apenas chegar, tirar uma foto e seguir em frente. Eu gosto de saber como aquelas pessoas são, o que elas comem, a sua religião qual o ritmo de vida. Tem certas curiosidades que nos ajudam a evitar os “pré conceitos”sobre as pessoas e a cultura. A historia de um lugar é uma parte que me chama mais a atenção porque tudo que aconteceu no passado foi fundamental para que essas pessoas pudessem viver na cidade, ter o que eles tem etc. Quando visitei Roma e Atenas eu queria ter um óculos 3D ou coisa assim para poder ver o que aconteceu ali naquele canto, naquela rua, naquela escada de um palácio ou ruína. Isso me fascina e me desperta mais ainda a atenção para os pequenos detalhes como pedras quebradas pelo caminho, pedaços de esculturas encontradas depois de mil anos etc… Acho que todo mundo deveria estudar um pouco de cada lugar antes de ir porque a visita fica mais completa e o aproveitamento da viagem e muito maior. Claro, isso para quem gosta porque não e obrigatório kkkkkk.

A Irlanda e um país magico, disso todo mundo já sabe porque foi criado pelos celtas e tem em sua cultura pelo menos um milhão de lendas, seres pra lá de mitológicos e outras centenas de crenças. Hoje essa situação ate continua a existir como você pode ver na página do facebook Only in Ireland  Essa página trás inúmeras situações interessantes que só acontecem na terra verde. Conhecer a historia de Irlanda deveria ser pelo menos a base para qualquer pessoa vir pra ca. Confesso que eu mesmo não sabia absolutamente nada daqui ate um amigo comentar sobre a possibilidade de um curso aqui. Desde o inicio me interesse e logo liguei o U2 ao pais e dai por diante foi uma descoberta a cada clique. Tudo aqui me fascina desde os primeiros homens ate a forma de que eles conduzem a vida por aqui. Infelizmente vejo que a maioria das pessoas não se interessam por essa parte do intercâmbio mas eu sempre gosto de falar disso porque tudo e muito interessante e com certeza quem resolver procurar saber um pouco mais sobre a historia desse pais com certeza vai se apaixonar mais ainda.

Eu encontrei um documentário bem explicativo sobre uma parte da historia da Irlanda que merece destaque que foi o final dos 700 anos em que a ilha foi colônia da Inglaterra. Nele ainda várias questões relacionadas ao conflito entre Católicos e Protestantes e outros momentos marcados por muitas mortes e conflitos internos. Eu já dei aqui a dica sobre o filme MICHAEL COLLINS e esse documentário e muito bom porque tem mais detalhes.

Michael John "Mick" Collins foi um líder revolucionário irlandês, que agiu como Ministro das Finanças da República Irlandesa, foi Director do IRA.

Michael John “Mick” Collins foi um líder revolucionário irlandês, que agiu como Ministro das Finanças da República Irlandesa e foi diretor do IRA.

Existem outras dezenas de vídeos no youtube então basta se interessar e comece a pesquisar sobre a incrível historia dessa ilha que escolhemos para viver uma parte da nossa vida, enjoy: